Sinópse: Rubem Galdo criou interessantíssima trama a partir do falecimento de duas religiosas católicas que se apegaram, monastericamente, aos valores do cristianismo, crendo piamente na vida eterna, após a morte, no reino dos céus, ao lado de Deus. Ressalte-se que elas haviam sido abandonadas ainda com os cordões umbilicais ligados aos corpos (eram gêmeas), à parta de igrejinha em uma cesta de vime, na longínqua cidade brasileira Esperança. Passaram a vida em adoração a Nossa Senhora e a seu filhinho Menino Jesus, pois face ao abandono foram criadas pelo padre e pelas senhoras que viviam o dia a dia da Igreja. Assim que suas almas deixaram este Mundo, estavam certas de serem recompensadas por tanta devoção em vida a Deus e à Mãe de Deus. Encontrariam, com certeza, o Reino dos Céus e teriam a vida eterna aos pés da Virgem. Surpresas ficaram ao chegarem a um Mundo em que ninguém conhecia o Menino Jesus ou a Virgem Santíssima. Lá havia, isto sim, um Mundo de mazelas sociais e morais; um Mundo que elas, obnubiladas, não viram em vida na Terra. O belo detalhamento deste Mundo dee “Bas-fond” vivido pelas duas, descrito encantadoramente pelo autor, prende o leitor que procura efetivar atenta leitura. A angustia vivida pelas gêmeas lembra a passagem da Bíblia judaica quando Deus manda Abraão deixar a pátria e a casa paterna para ir conhecer o mundo, ou seja, olhar para fora, evitando encalhar-se em si mesmo, em uma palavra, transformar-se em homem-janela, que também olha para a miséria do Mundo contra a qual deve lutar. (Resenha de Roberto L. Benathar)